Bolsonaro é citado em inquérito sobre morte de Marielle

Vereadora foi morta em março de 2018 e caso segue sem solução

Câmara dos Deputados registrou que Bolsonaro estava em Brasília nesse dia – Foto: Marcos Corrêa/PR

O nome do presidente Jair Bolsonaro foi citado na investigação sobre a morte da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada em março de 2018, informou o “Jornal Nacional” na noite desta terça-feira (29).

De acordo com a reportagem, o porteiro do Condomínio Vivenda da Barra disse à polícia que, horas antes do crime, no dia 14 de março do ano passado, o suspeito Élcio de Queiroz entrou no complexo residencial, onde mora o principal suspeito de matar a vereadora carioca e o motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa, e afirmou que iria visitar o então deputado Jair Bolsonaro. O presidente também tem uma casa no condomínio. Conforme depoimento do funcionário da portaria, o próprio “seu Jair” autorizou a entrada do carro, pelo interfone. No entanto, segundo os registros de presença da Câmara dos Deputados, Bolsonaro não estava no local, mas sim em Brasília.

Com a citação do nome do mandatário, a lei determina que o caso seja analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda de acordo com o jornal da TV Globo, a testemunha também revelou que o carro do visitante, um Logan, com placa AGH 8202, entrou no condomínio e se dirigiu à casa de Lessa, que já está preso por ser apontado pelo Ministério Público e pela Delegacia de Homicídios como autor dos tiros. Já Élcio é acusado pelas autoridades de ser o motorista do carro utilizado na execução. Entretanto, no livro de visitantes está escrito que Élcio visitaria a casa número 58, ou seja, a de Bolsonaro, como consta no registro geral de imóveis. O presidente também é dono da residência 36, onde vive um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro. Segundo a apuração da reportagem, os dois suspeitos saíram do condomínio dentro do carro de Lessa, pouco tempo depois da chegada de Élcio, e passaram para o automóvel usado no crime perto do complexo residencial. A dupla está detida desde o dia 12 de março deste ano. Lessa é sargento aposentado da Polícia Militar e foi preso quando tentava fugir do Condomínio Vivendas da Barra. Élcio, por sua vez, é ex-policial militar e foi expulso da PM em 2015 por envolvimento com a contravenção.

Conforme apuração do “JN”, representantes do Ministério Público do Rio de Janeiro foram até Brasília no último dia 17 de outubro para consultar o presidente do STF, o ministro Dias Toffoli.

Defesa

Após a transmissão da reportagem, o advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, negou a declaração e disse que o depoimento do porteiro seria uma forma de atacar o mandatário.

“Eu nego isso. Isso é uma mentira. Deve ser um erro de digitação, alguma coisa. O Jair Bolsonaro, no dia 14 de março de 2018, encontrava-se em Brasília, na Câmara dos Deputados, inclusive existe o registro de entrada dele lá, com o dedo, e todas as demais provas”, ressaltou. Segundo Wassef, “isso é uma mentira, isso é uma fraude, isso é uma farsa para atacar a imagem e a reputação do presidente da República. E é o caso de uma investigação por esse falso testemunho em que qualquer pessoa tenha afirmado que essa pessoa foi procurar Jair Bolsonaro”. “Talvez, esse indivíduo tenha ido na casa de outra pessoa, e alguém, com intuito de incriminar o presidente da República, conseguiu um depoimento falso, onde essa pessoa afirma que falou com Jair Bolsonaro. O presidente não conhece a pessoa de Élcio, e essa pessoa não conhece o presidente. Isso é uma mentira e uma farsa”, finalizou.

Bolsonaro, por sua vez, acusou o governador do Rio, Wilson Witzel, de atuar em conluio com o delegado da Polícia Civil responsável pelo caso Marielle para tentar incriminá-lo. O presidente ainda ressaltou que irá acionar o ministro da Justiça, Sérgio Moro, para que o funcionário do condomínio preste um novo depoimento à PF. “No meu entendimento, o senhor Witzel estava conduzindo o processo com o delegado da Polícia Civil para tentar me incriminar ou pelo menos manchar o meu nome com essa falsa acusação de que eu poderia estar envolvido na morte da Marielle”, disse Bolsonaro na Arábia Saudita. Ontem à noite, o chefe de Estado Brasileiro fez uma transmissão nas redes sociais e se isentou de responsabilidade pelo crime.

Além disso, ele fez duras críticas contra a imprensa, principalmente a TV Globo. “Seus patifes da TV Globo! Seus canalhas! Não vai colar! Não tinha motivo para matar quem quer que fosse no Rio de Janeiro”, bradou Bolsonaro, isentando o porteiro. “Tenho certeza de que o porteiro não sabe o que assinou”, acrescentou “Estou à disposição para falar nesse processo, conversar com esse delegado sobre esse assunto, para começar a colocar em pratos limpos o que está acontecendo no meu nome. Por que estão querendo me destruir?”, questionou. O presidente reforçou que não conhecia Marielle e não tinha motivação para ordenar o crime. “O que cheira isso aqui, o que parece é que ou o porteiro mentiu, ou induziram o porteiro a cometer um falso testemunho, ou escreveram algo no inquérito que o porteiro não leu e assinou embaixo em confiança ao delegado, ou a quem que foi ouvir na portaria. Qual intenção disso tudo? A intenção é sempre a mesma. O tempo todo ficam em cima da minha vida, dos meus filhos.”, acrescentou.

Da AnsaFlash

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