A Comissão Especial da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul que vai investigar o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) será composta por 80% de aliados. Foram protocoladas três denúncias contra o tucano baseadas na delação da JBS, em que o chefe do Executivo estadual teria recebido propina para conceder incentivos fiscais à empresa.
Segundo a definição das bancadas nesta quarta-feira (24), o PSDB e aliados terão duas vagas na comissão, o PMDB – partido do presidente da Casa, deputado estadual Júnior Mochi, que recebeu apoio do governador para reeleição – mais duas cadeiras e o PT um integrante.
Os nomes dos membros devem ser indicados na sessão da próxima terça-feira (30). Azambuja visitou a Assembleia nesta terça-feira para apresentar a defesa, de maneira informal, aos 24 deputados estaduais.
Uma das denúncias de crime de responsabilidade foi do vereador de Campo Grande Vinícius Siqueira, do DEM, partido aliado do governador. No documento, o democrata pede também o afastamento de Azambuja do cargo para a apuração das acusações feitas na delação premiada de executivos da JBS.
Rito da comissão especial
Aprovada a criação, os partidos terão 48 horas para indicarem seus membros. Depois haverá a votação para a escolha do presidente e relator. A comissão só é considerada criada quando for publicada no Diário Oficial da Assembleia. Como outras comissões da Casa, a comissão especial terá cinco membros. Após a escolha dos membros e eleição do presidente e relator, a comissão terá um prazo para colher depoimentos e analisar documentos.
O relator vai elaborar um parecer e colocar em votação. Se o parecer apontar indícios de irregularidades, os deputados podem requerer a comissão processante, que aprofundará as investigações e poderá recomendar até a cassação do mandato de Reinaldo Azambuja.
A bancada do PSDB quer que a investigação não se restrinja ao governo Azambuja, mas também as gestões de André Puccinelli (PMDB) e Zeca do PT. Essa solicitação será feita depois que a comissão estiver funcionando.
Coletiva
Durante entrevista coletiva na tarde de segunda-feira, Azambuja chorou e disse que a relação com a JBS é institucional e que acredita que a citação feita na delação do dono da JBS Wesley Batista é uma retaliação à mudança na política de incentivos fiscais.
Empresários, empresas, secretários de estado, políticos de Mato Grosso do Sul, e um deputado estadual foram citados em delações na operação Lava Jato. Os donos e executivos da JBS revelaram pagamentos de propina, que teriam ocorrido por pelo menos 13 anos e se consolidado nos últimos três governos do estado.
De acordo com Wesley Batista, um dos donos e o diretor de tributos da JBS, Valdir Aparecido Boni, ao todo teriam sido pagos R$ 150 milhões de reais nos três últimos governos.
Do Conjuntura On-Line com G1/MS