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As facetas da integração lavoura-pecuária-floresta em minicurso

Capacitação curta ocorreu durante a Campo Grande Expo – Assessoria

Despertar o interesse pelos sistemas integrados de produção, esse foi o objetivo do minicurso em integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) realizado pela Embrapa durante a primeira edição do Campo Grande Expo, na última sexta-feira (20), em Mato Grosso do Sul. A proposta reuniu pesquisadores, especialistas nos principais componentes do sistema – solo, pastagens, floresta, animal, culturas e gestão – focados em repassar os princípios básicos de cada elemento.

A começar pelo solo, no qual a situação do ponto de partida é determinante nas ações e no investimento inicial do produtor, “o que torna o solo um dos fatores preponderantes na tomada de decisão para se implantar sistemas integrados”, afirma o pesquisador Manuel Motta Macedo. O manejo da fertilidade nesse contexto deve observar o sistema como um todo e não uma cultura extensiva. O recomendado é adequá-lo à cultura inicial, mas focar na mais exigente, com amortização na venda de produtos em curto prazo, a partir da construção de sua fertilidade.

Segundo o especialista, a análise de solo é a ferramenta que apontará os critérios recomendados para adubação, seja de estabelecimento ou manutenção e “os níveis críticos dos nutrientes para os cultivos dos SILPs (lavoura-pecuária) e SILPFs (lavoura-pecuária-floresta) devem ser observados de acordo com suas peculiaridades, sem subestimá-los”, adverte.

Macedo lembra que os sistemas integrados chegaram, primeiramente, como um instrumento de recuperação de pastagem. Ao lado do pesquisador Ademir Zimmer estuda esses modelos de sistemas de produção há décadas. Por isso, Zimmer insere a análise em um amplo diagnóstico por parte do produtor antes da adoção. “É válido traçar um perfil da região, da propriedade rural, do sistema produtivo, da produtividade, da rentabilidade e também do produtor, que precisa tornar-se um gestor do seu negócio”. Pontos como mercados fornecedor-comprador, meios de transporte, infraestrutura, linhas de crédito e assistência técnica estão inclusos na tarefa.

As possibilidades de produção são vastas: pastagem – carne/leite + forragem conservada; pastagem – carne/leite + grãos/fibras; produção de carne/leite e madeira; produção de grãos, carne/leite e madeira; grãos/fibras – pastagem + carne/leite, dentre outras, “mas tem que iniciar de forma simples e avançar”, aconselha. Para o agrônomo, não há receita única. Há relatos bem sucedidos de integração em propriedades de grande e pequeno porte, de carne ou leite, de soja e mandioca, de eucalipto e pinho cuiabano. “É necessário conhecer sua realidade e saber para onde direcioná-la”.

Pesquisadora em socioeconomia, Mariana Aragão reforça que mão-de-obra, maquinários, instalações, mercado e gestão são os principais desafios para a adoção da prática sustentável. Ela comenta a forte expansão do negócio de florestas plantadas, com crescimento de 4,3%, entre 2007 e 2015, em eucalipto, e novas fronteiras, como oeste baiano, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso e Piauí. São possibilidades à vista. Aragão conduz estudos avançados em análise econômica dos sistemas integrados.

A floresta 

De fato, dados de 2016, mostram que a adoção do sistema ILPF chegou a 11,5 milhões de hectares, com destaque para os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A inserção do componente florestal, obviamente, implica em alterações morfofisiológicas e nutritivas do pasto. Dessa forma, o manejo da pastagem terá grande variação na distribuição horizontal e vertical da forragem; e variação entre as estações e os anos. Roberto Giolo, pesquisador da Empresa, comenta que as metas de altura de pastejo com floresta ainda são pouco estudadas e o consenso, por ora, é “de uso de intensidades de pastejo mais leves e de adubações moderadas para evitar o processo de degradação”.

Ainda nessa perspectiva florestal, o especialista em agroecossistemas Vanderley Porfírio afirma que “introduzir árvores é construir um valioso patrimônio, com proteção de lavouras e pastagens”. As mesmas árvores colaboram com a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEEs) e o “mecanismo mais eficiente para diminuir a temperatura corporal dos animais é a busca pela sombra, assim o ILPF traz bem-estar e conforto térmico ao bovino”, complementa Fabiana Villa, pesquisadora em ambiência. Ela e Porfírio explicam que a introdução de espécies arbóreas exige conhecimento sobre manejo de árvores, plantio, idade e arranjo espacial, afinal “uma árvore sozinha não faz verão”.

As informações trazidas pelos técnicos envolvidos no minicurso reforçaram o interesse do produtor rural Gelio Brum Filho. Há algum tempo ele se interessa por ILPF e tem a intenção de implantar o sistema na propriedade de mil hectares, situada em Campo Grande (MS). Em solo de baixa fertilidade e arenoso, sem adubação de manutenção, ele está ciente dos desafios que o esperam, mas “acredita que diversificar e intensificar são caminhos para o futuro”. Os pesquisadores igualmente crêem. Para eles, o sistema é visivelmente mais complexo, entretanto, o potencial para diversificação de produtos e renda em cria, recria e terminação é reconhecido assim como para serviços ecossistêmicos e políticas públicas.

Capacitação à vista

Os interessados em aprofundar-se no assunto, em novembro acontece o curso de ILPF, na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande (MS). Informações atualizadas em www.embrapa.br/gado-de-corte.

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