A queimada que preocupa

  • Por Rosa Floriano

Estou preocupada com as queimadas recentes e os seus efeitos, que vão desde o prejuízo da visibilidade dos motoristas nas estradas, até o fechamento de aeroportos. No sábado, para se ter uma ideia até o aeroporto internacional de Viru Viru, na Bolívia, foi fechado devido à baixa visibilidade.

Queimada no Pantanal – Foto: Rosa Floriano

A PRF teve grande dificuldade para alertar aos motoristas, organizar o trânsito e ajudar a apagar o fogo, que ocorreu na BR 262 nesta semana. Além disso, os postos de saúde lotam com o aumento do risco de doenças respiratórias para as populações das regiões que vivem próximas às queimadas. Os incêndios ambientais são causados especialmente com o objetivo de queimar resíduo agrícola e de pastagem para plantar uma nova produção. “Uma queimada acidental acontece? Sim, é possível. Mas saibam que somente no Mato Grosso do Sul o aumento foi de 260% em relação a 2018. Eu alerto para o fato de que certamente com os grandes focos de queimadas da região entre Miranda e Corumbá, vão levar pelo menos sete anos para recuperar a capacidade de bombear água para a atmosfera e absorver carbono.

Passei pela região e pude perceber clareiras abertas por desmatamento, para pecuária extensiva e para produção de carvão para as mineradoras de Corumbá.  Isto significa que num ano seco como foi 2019 a vegetação fica “estressada” e segue uma estratégia para sobreviver, assim para diminuir sua demanda por água ela atira fora suas folhas que caem ao chão e sem a proteção da copa das arvores o solo também recebe mais luz do sol. Basta essa combinação para o fogo sair da fronteira agrícola e destruir vegetação primária e o fogo arde por vários dias.

O solo é à base de todo o sistema agrícola. Dessa forma, as queimadas geram prejuízos na produtividade das culturas e aumenta os custos de produção. Após as queimadas, as cinzas resultantes contaminam águas subterrâneas e superficiais. As altas concentrações de compostos nitrogenados e potássio são prejudiciais a espécies aquáticas e influenciam diretamente na qualidade da água. Em águas paradas, como em lagos e açudes, ocorre a diminuição da quantidade de oxigênio, que é fundamental para a sobrevivência dos seres aquáticos.

Os municípios de Corumbá, Ladário, principalmente a região do Passo do Lontra, sofreram na pele, o efeito da queimada, foram bancos fechados, pessoas sem comunicação e sem internet, e depois de tudo isso quando a chuva voltar ela já vai voltar ácida. A chuva ácida pode também influenciar no restante da biodiversidade, os peixes dos rios que recebem essa água em forma de chuva podem morrer. O solo perde as suas propriedades e muitos outros impactos são sentidos devido às queimadas descontroladas. O governo deve estar extremamente atento a essas condições e a população idem. É a vida em jogo e o futuro de nossos filhos também. Que Deus nos acuda!

  • Colunista do Agora MS na Área Ambiental

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